terça-feira, 15 de março de 2011

| pele demais |

...sou pele, emoção, fúria e fera demais pra ficar presa numa jaula de rotinas e tradições. 
 
Não tenho problemas com a pele marcada. Não tenho medo das permissões nem da falta de limite. Eu não passo pelo instante de questionamentos do poder e não poder; convenções que caem por terra quando a abstração do sentir é muito mais significativa. 
A pele pode tudo, ela só espera pela libertação. 

Por que tolher uma existência tão sublime com pré conceitos, medos e inseguranças? Não é mais simples apenas ser e sentir? 

A pele não julga... e tantas vezes é julgada por seus desejos. Injusto e fatal... se vive pela metade.


Incorporei meu reflexo de Clarice de uns dias pra cá e os retalhos de declarações me parecem bem profundos. Adoro a intensidade! Pra ilustrar, Milo Manara e sua leitura da inexplicável e fantástica Danae de Klimt... que sempre me faz questionar se isso é dor ou prazer. Mas ela sente... sente profundamente.

4 comentários:

  1. O prazer é só o outro lado da dor...
    E basta estar vivo para sentir a ambos.
    Ora intensivamente, ora não. Não vejo nada de
    extraordinário nisso, nada que um ser humano normal não seja capaz de acionar em si.

    Problema é quando o sujeito fica viciado só nisso... E faz qualquer coisa para obter esse "gostinho de dor e prazer" - INCLUINDO nisso o jogo de presa e predador e inocentes. Para pessoas sensíveis demais isso pode causar sérios e irreversíveis danos, onde, por terem experimentado prazer e dor sem limites, têm seus sentidos delicados destruídos pelo trauma ou para sempre corrompidos (maculados). Clarice Lispector pediu pra morrer, no auge de um câncer de tristeza. Escreveu coisas bárbaras e milagrosas, provou sentimentos profundos... Mas se auto-destruiu. Pena... Provavelmente fez um esforço descomunal para atender a todos aqueles seus questionamentos sobre a vida. Porque em tudo ela queria encontrar uma resposta na sua alma...
    Só que algumas coisas sempre vão ficar sem resposta... Porque nem tudo tem explicação.

    É a vida...

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  2. O extraordinário está em saber viver as duas coisas e não pedir por uma enquanto se tem a outra, mas usar o outro como ferramenta para acessar esses polos já é um grande problema... a gente é o único responsável pelo acesso a nossos sentimentos.

    Ainda com seu 'câncer de tristeza' eu sou admiradora da profundidade das palavras de Clarice... escolha dela, e só dela, a auto-destruição. Ela ainda assim viveu profundamente e eu a respeito por isso.

    É a vida...

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  3. Com a esperança de harmonia renovada, desejo que Clarice esteja mais sã e lúcida em sua vida pós vida. Que possa ter encontrado a paz que ela tanto merecia... Pelo caminho que escolheu, talvez o mais difícil de todos... O da pureza e da honestidade, da profundeza do coração e agudeza da mente, da dor de Ser, sem dúvida, uma gigante da arte. Será que ela fez tudo pela arte?

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    As sete maravilhas de cada mundo - Clarice Lispector

    Tenho uma amiga chamada Azaléia, que simplesmente gosta de viver. Viver sem adjetivos. É muito doente de corpo, mas seus risos são claros e constantes. Sua vida é difícil, mas é sua.

    Um dia desses me disse que cada pessoa tinha em seu mundo sete maravilhas. Quais? Dependia da pessoa.

    Ela então resolveu classificar as sete maravilhas de seu mundo.

    Primeira: ter nascido. Ter nascido é um dom, existir, digo eu, é um milagre.

    Segunda: seus cinco sentidos que incluem em forte dose o sexto. Com eles ela toca e sente e ouve e se comunica e tem prazer e experimenta a dor.

    Terceira: sua capacidade de amar. Através dessa capacidade,

    menos comum do que se pensa, ela está sempre repleta de amor por alguns e por muitos, o que lhe alarga o peito.

    Quarta: sua intuição. A intuição alcança-lhe o que o raciocínio não toca e que os sentidos não percebem.

    Quinta: sua inteligência. Considera-se uma privilegiada por entender. Seu raciocínio é agudo e eficaz.

    Sexta: a harmonia. Conseguiu-a através de seus esforços, e realmente ela é toda harmoniosa, em relação ao mundo em geral, e a seu próprio mundo.

    Sétima: a morte. Ela crê, teosoficamente, que depois da morte a alma se ancarna em outro corpo, e tudo começa de novo, com a alegria das sete maravilhas renovadas.

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