quarta-feira, 24 de agosto de 2011

| seta e alvo |

‎... hoje eu acordei com seta e alvo revirando as idéias.



Salivei e transpirei mil palavras pensando nessa música e, curiosamente, eu me descobri sendo uma dessas que fala de amor à vida e da força do acaso.

Essa mesma que anda em um labirinto, que chama pra festa, que corre todos os riscos e que se oferece por inteiro. E eu grito por liberdade, insisto em saber a verdade...

... lanço a alma no espaço, experimento o futuro, mesmo não vendo graça nenhuma de já saber o fim da estrada quando parto rumo ao nada.

Então... eu sou a seta ou o alvo?

Não tenho medo da morte, nem acredito ter azar ou sorte. Mas nessas tantas do amor pela vida eu aprendi que o acaso é o que há de mais divino... acaso, entre tantas possibilidades, justamente essa? E justamente assim? Justamente agora? Bom... isso seria azar ou sorte?

E é nesse labirinto de curvas, esquinas e portas abertas que eu corro todos esses riscos. Eu tenho total liberdade de caminhar e me lançar por esses espaços, às vezes estreitos demais, espinhosos, escuros... às vezes tão amplos, claros e diversos que me perco na própria imensidão contida nos meus passos. E assim eu não me satisfaço com metade das coisas... que sejam efêmeras, mas não sejam metade - e sim verdades.

Dessas verdades que podem até doer, mas são responsáveis por esses passos incertos e surpreendentes que dou nesse labirinto, nesse espaço em que eu decidi me lançar por inteiro, de corpo e alma.

Dessa alma minha que vai ao futuro, experimenta sonho, imagina, tem vontade de tudo...
... mas simplesmente não tem interesse nenhum em chegar ao fim da estrada antes de caminhar por todas essas curvas e esquinas.

Eu sou a seta e o alvo.

Mas o alvo, na certa,
não me espera...

...nem sabe de mim
e aquela estrada,

não tem fim.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

| desvestir |

...permita-me olhar-te, tocar-te. Sem tuas roupas, sem teus personagens. Que eu, em teus olhos e mãos, me sinto completamente nua. Despida de qualquer máscara eu te ofereço minhas faces e me tens variável, mutante... mas me tens verdadeira.



Eu? Sou várias... até mesmo para um.

A amante, a amiga. Sou a carícia e a maldade. Posso ser a menina de olhar inocente, a mulher que deseja. Eu posso ser tantas quantas couberem em mim.
Mas ainda assim sou única, sou uma. Nessa uma eu contenho todas as outras. Elas se revezam, se alternam, se conflitam e se completam... elas se revelam, uma na outra.

Quando merecido (...e isso dá-se quando respeito e sinto), não sou personagem, sou eu.

Nesse desencontro das minhas tantas incoerências saudáveis, essa que olha nos olhos, nesses raros momentos, é a mesma que revira os pensamentos resgatando detalhes. E ainda é a que desperta, na manhã seguinte, para mais um dia de rotinas.

Quem oscila na própria nudez incoerente, hora atrapada na vergonha e inocência de ser, hora descoberta, desnuda, livre e exposta até às carnes, não tem como temer a censura. Merecemos receber censura pela verdade exposta, por siplesmente ser? Ou crer, ou sentir, ou querer... 

Na minha nudez de personagem, de máscara, eu revelo todas as variáveis... e nela todas as que cabem em mim. Alguns conseguem realmente perceber que estou sem todas essas "vestes de personagem"...

...notar essas minhas transparências todas parte da sua disposição para perceber que eu, enfim, decido despir-me inteira. 



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

| inconstante coerência |

Segundo o dicionário, louco significa: que perdeu a razão; doido; alienado; insensato; imprudente; doidivanas; brincalhão; folgazão; apaixonado; arrebatado; furioso; indivíduo que perdeu o uso da razão; demente.



E eu sou louca... apaixonada, insensata, imprudente, arrebatada, brincalhona, furiosa... sou dessas que tem asas, que voa, que causa tempestades. Sou dessas que vira semente silenciosa, calada, dura e introspectiva. E eu vou... de um extremo ao outro, na minha loucura diária.

Nunca pretendi ser normal, ser igual, ser uniforme ou coerente com qualquer coisa que não fosse eu mesma.

E chego ao pico dessa leveza absurda de saber que não preciso me encaixar em tribos. De saber que não preciso seguir, à risca, obrigações sociais, comportamentais ou religiosas que não sejam condizentes com minha essência.

Eu posso ser esse detalhe do padrão, eu posso estar no contexto e ser extremamente linear... e isso acontece quando eu sinto que sou assim, é de dentro pra fora.
Caso contrário, estou fora, sou diferente, sou a outra face estranha... sou totalmente incoerente - aos olhos dos outros.

Minha loucura diária não me dá o direito de atropelar toda e qualquer existência, mas me permite refletir, concluir, reavaliar, mudar de idéia e expressar - até mesmo que mudei de idéia.

E essa expressão se dá sem os limites das tradições porque, ainda que eu tenha os pés atados às minhas raízes familiares e culturais, minha mente tem asas e voa, sem nenhuma dessas amarras da obrigatoriedade comportamental.

E ainda assim sou coerente...
...pois só sou coerente a mim.





Careço lembrar de Rita ruiva, que me contava uma história inspiradora desde que eu era pequena...

"Dizem que sou louca por pensar assim. Se sou muito louca por eu ser feliz, mas louco é quem me diz e não é feliz! Eu juro que é melhor não ser um normal, se eu posso pensar que Deus, sou eu... Sim! Sou muito louca não vou me curar. Já não sou a única que encontrou a paz."