segunda-feira, 22 de agosto de 2011

| desvestir |

...permita-me olhar-te, tocar-te. Sem tuas roupas, sem teus personagens. Que eu, em teus olhos e mãos, me sinto completamente nua. Despida de qualquer máscara eu te ofereço minhas faces e me tens variável, mutante... mas me tens verdadeira.



Eu? Sou várias... até mesmo para um.

A amante, a amiga. Sou a carícia e a maldade. Posso ser a menina de olhar inocente, a mulher que deseja. Eu posso ser tantas quantas couberem em mim.
Mas ainda assim sou única, sou uma. Nessa uma eu contenho todas as outras. Elas se revezam, se alternam, se conflitam e se completam... elas se revelam, uma na outra.

Quando merecido (...e isso dá-se quando respeito e sinto), não sou personagem, sou eu.

Nesse desencontro das minhas tantas incoerências saudáveis, essa que olha nos olhos, nesses raros momentos, é a mesma que revira os pensamentos resgatando detalhes. E ainda é a que desperta, na manhã seguinte, para mais um dia de rotinas.

Quem oscila na própria nudez incoerente, hora atrapada na vergonha e inocência de ser, hora descoberta, desnuda, livre e exposta até às carnes, não tem como temer a censura. Merecemos receber censura pela verdade exposta, por siplesmente ser? Ou crer, ou sentir, ou querer... 

Na minha nudez de personagem, de máscara, eu revelo todas as variáveis... e nela todas as que cabem em mim. Alguns conseguem realmente perceber que estou sem todas essas "vestes de personagem"...

...notar essas minhas transparências todas parte da sua disposição para perceber que eu, enfim, decido despir-me inteira. 



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