quinta-feira, 7 de outubro de 2010

| do limite à comunhão |

"Hoy yo tengo ganas de comerme el mundo con las manos, la lengua, la saliva y los dientes. Lamer la belleza de las cosas, degustar el color de cada momento, sorber entre mis labios el gusto de la vida. Como uno que come a su fruto predilecto... lo come con todo el cuerpo entregue. Lo disfruta a cada momento, a cada zumo, a cada semilla, a cada trozo de sabor que le perfuma el halito en el silencio que transforma en divino el saborear."

ana marques
"Hoje eu tenho vontade de comer o mundo com as mãos, a língua, a saliva e os dentes. Lamber a beleza das coisas, degustar a cor de cada momento, sorver entre meus lábios o gosto da vida. Como quem come sua fruta predileta... a come com todo o corpo entregue. A desfruta a cada momento, a cada sumo, a cada semente, a cada pedaço de sabor que lhe perfuma o hálito no silêncio que transforma em divino o saborear."

As ganas de comerme el mundo vêm de toda essa vontade de ser mais que pele, mais que matéria, essa ânsia por ser parte do todo, comungar com o todo.
São respingos das pequenas coisas do mundo, de um Mediterrâneo de uma cor tão profunda e intensa, de um frio a graus negativos, um sol escaldante ante a àgua gelada de uma cachoeira.
São respingos da energia que move o mundo, dessa delicadeza transbordante que é a vida e seus desdobramentos.

Comerme el mundo é a admiração pelo ciclo natural, de entrega, de descobrir-se como parte e aceitar-se como detalhe de algo muito maior e mais poderoso que a própria vida e a morte. É deliciar-se com cada detalhe de luz, sombra, calor, frio, vida e morte que a existência oferece.

Comeria o mundo com as mãos e teria rosto e colo lambuzados com o sumo de nossa própria essência. Me misturaria e seria mais que alguém que o tem nas mãos, seria parte da sua existência como um todo que se move coletivamente e não um indivíduo tentando se afirmar em meio ao caos soberano.

Eu (como humanidade) faço parte do todo, como uma pequena pedra no alicerce de uma grande obra, insignificante, porém paradoxalmente indispensável para o equilíbrio.


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