quinta-feira, 7 de outubro de 2010

| lambendo detalhes |

Descobri a minha língua e toda a sua potencialidade.

Da expressão falada ela caminhou pro que eu chamo de degustação transcendente.
O que me provoca desejo ou admiração me estimula um instinto primário sem qualquer explicação... 

...eu lamberia o que me encanta os olhos.

Sim, quando vejo e os olhos são cativados, é a língua quem pede pelo toque, já úmida de ansiedade por degustar cada curva, sabor, espaço e textura.

Lamber é como abraço verdadeiro, não são as pontas dos dedos que tocam e tampouco é a ponta da língua que degusta. Lamber se lambe com o corpo inteiro, com papilas, a língua molhada, os dentes e lábios. É assim que se lambe... é assim que se degusta. Entregando-se e permitindo que as sensações dominem qualquer movimento racional.

Foi assim que quis lamber, saborear, e fundir-me com as obras de Gaudí em Barcelona. 
E passei pelo mesmo desejo em tantos momentos sublimes como na Pinacoteca de São Paulo, na exposição de Dalí em Belo Horizonte, no pôr do sol em Salvador, no silêncio caudaloso de Milho Verde.

É assim que eu gosto de estar quando tenho minha fruta preferida nas mãos, ou quando o dia amanhece ligeiramente frio e nublado com finas tiras de luz caindo do céu, quando passo a tarde na cozinha conversando amenidades com a família, quando tenho ao meu lado alguém que eu queira com corpo e alma.

EU OPTEI POR LAMBER A VIDA.
 
 
"E lamberia cada centímetro da sua pele, da sua presença e do seu beijo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário