segunda-feira, 25 de julho de 2011

| de carne a pedra |

Sazonalmente, como todas aquelas estações nerúdicas e lispectorianas, pedras robustas tomam o lugar de artérias, ventrículos e átrios. O coração definitivamente resolve parar... como que cansado, como que exausto.
A culpa é dele mesmo?
Que resolve querer sentir além da própria capacidade diária e se sufoca no próprio gozo?
Ou ele decide querer e esperar por uma batida tão forte capaz de romper com qualquer resquício de matéria extremamente sólida que ainda o limite?
Das opções, não existe uma menos fatal e utópica. Ainda que desejada em excesso.  
Escolher, principalmente para quem vive de avaliar prós e contras, pode ser ainda pior que a própria dor da pedra parada, calada no peito.
E essa caminhada dúbia continua entre cada passo sem rumo. Entre o querer, o poder e o esperar.
Como se cada dia dependesse de uma verdadeira explosão de intensidade. Ainda que os passos dos dias lispectorianos calados e exaustos caminhem em implosões intensas e condensantes.
Eu: estado semente à flor da pele... em plena metamorfose e refletindo sobre um pequeno trecho de música que ouvi no fim de semana.


"... pra quem não sabe amar, fica esperando alguém que caiba no seu sonho."
Narciso e sua metamorfose da genialidade de Dalí. 
E nós, em nossa significância relativa... somos reflexos de seu mito/ego? Esperando a imagem mais perfeita no espelho para, nela, morrer afogado, ainda que em plena satisfação?

Sementes questionam... tempestades atropelam.

Um comentário:

  1. Que texto... De carne a pedra... Gostei!! e a figura com o trecho da música casaram muito bem...Show!

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